Manoel Jesus
Educação: a hora é agora
Por Manoel Jesus
Educador
[email protected]
Os administradores eleitos no Estado e no País já estão bem alertados de que precisam voltar os olhos para a educação. É momento estratégico para realizar um pacto por um ponto de corte na linha do tempo do ensino. Eduardo Leite, eleito, se comprometeu com alguns partidos da sua base a implementar o ensino em dois turnos em um número maior de escolas, afirmando que seu governo vai priorizar a área nos próximos quatro anos. E o governo federal traz nomes reconhecidos, tendo preocupação com o social.
O que é um “ponto de corte”? Não é novidade, países já o fizeram ao compreender que a verdadeira alavanca de qualquer processo de desenvolvimento se constrói priorizando a educação. Reação a um quadro semelhante ao atual: de infraestrutura, superlotação de salas de aula, evasão escolar, para citar alguns problemas agravados nos últimos anos pela Covid-19, que escancarou as diferenças sociais, já que, mal ou bem, escolas particulares conseguem sobreviver, enquanto a pública não tem como se manter.
Para quem acha que isto é conversa fiada, acesse a base de dados do Ministério da Educação. O Sistema de Avaliação da Educação Básica aponta que entre 2019 e 2021 o índice de crianças que não sabem ler dobrou. De 15,5% passou para 33,8%, entre alunos do 2º ano da Educação Infantil, na faixa entre sete e oito anos. O número mais trágico é apontado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância: dois milhões de estudantes, com idades entre 11 e 19 anos, no País, abandonaram a escola durante a pandemia.
Se já é preocupante a questão do conhecimento, fica mais difícil quando especialistas alertam que a Covid-19 foi elemento preponderante para a falta de sociabilização de parte dos alunos iniciantes. Houve recuo sócio emocional que afetou a individualidade e o desempenho na interação grupal. Com um ensino deficitário, foi atraso que compromete as futuras gerações. Escancara o pensamento de que o acesso qualificado à educação se transforma em privilégio de alguns e não num direito de todos.
Infelizmente, a relação entre cidadão e governo, no Brasil, é clientelista: a candidatura é oferecida, conquista-se o voto e se espera algo em troca. A pregação do “vamos fazer juntos” é somente discurso diante da realidade de uma população que, entre outras, lhe falta a educação política. Por desconhecimento, torna-se refém da própria ignorância.
Não é à toa que, por se ter “políticos de estimação” os resultados das urnas são contestados pelo simples fato de que o meu grupo não foi vitorioso. Então, não vale…
Os discursos dos candidatos precisam deixar de ser apenas cartas de intenção e virar propostas concretas. Não importa em quem o senhor ou a senhora votou. A eleição dividiu o Estado e o País e vai levar um tempo para sarar as feridas, se é que serão curadas. No entanto, engessar atividades públicas é causar prejuízo maior à parcela da população que sequer consegue entender o porquê do seu sofrimento. A mudança real inicia com a sociedade assumindo que a hora é agora para dar uma virada na educação.
Acompanhe esta coluna em vídeo
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário